terça-feira, 15 de março de 2011

Meditação Cerridwen

Oráculo da Deusas - Cerridwen 

 

MORTE E RENASCIMENTO
Eu lhe dou a vida
Eu lhe dou a morte
é tudo uma coisa só
Você anda pelo caminho em espiral
o caminho eterno
que é a existência
sempre se transformando
sempre crescendo
sempre mudando
Nada morre que não nasça outra vez
nada existe sem ter morrido
Quando vier até mim
eu lhe darei as boas-vindas
então a acolherei no meu útero
meu caldeirão de transformação
onde você é misturada e peneirada
fundida e fervida
derretida e triturada
reconstituída e depois reciclada
Você sempre volta para mim
você sempre vai embora renovada
Morte e renascimento
não são nada mais que pontos de transição
ao longo do Caminho Eterno

Mitologia
Para os galeses, Cerridwen é uma Deusa tríplice — donzela, mãe e mulher idosa — cujo animal totêmico é uma grande porca branca.
Ela se relaciona com a Lua, a inspiração, a poesia, a profecia, a mudança de forma e a vida e a morte. Cerridwen teve dois filhos. Um era belo e o outro, feio. Como queria que o rapaz feio tivesse algo de seu, ela fez para ele uma poção mágica. Demorou um ano e um dia para terminar de fazer a poção, que se destinava a torná-lo inspirado e brilhante. Ela ordenou que Gwion, seu assistente, tomasse conta da poção e o advertiu para não bebê-la. Acidentalmente, algumas gotas da poção espirraram na mão de Gwion, e ele levou a mão à boca. Instantaneamente, ele sabia tudo, até mesmo que Cerridwen tentaria matá-lo. Ele fugiu e ela foi atrás dele. Depois de muitas mudanças de forma, Gwion foi engolido por Cerridwen, que o deu à luz nove meses depois.

Sugestão de ritual: O caldeirão de Cerridwen
Reserve um horário e um lugar em que você não seja incomodada.Sente-se ou deite-se confortavelmente, com a coluna reta. Feche os olhos. Inspire profundamente e expire lentamente, contando até dez.
Inspire outra vez e novamente expire contando até dez. Faça uma terceira inspiração profunda e, enquanto solta o ar, visualize ou sinta um túnel. Pode ser um túnel que você conheça ou um túnel que você imagine. Fique em pé do lado de fora do túnel e passe os dedos pela superfície da entrada. Sinta o cheiro. Entre no túnel. Lá dentro
está quente e confortável, ele é bem iluminado e agradável. Você vai descendo, descendo cada vez mais fundo. Descendo, descendo, sente-se relaxada, confortável,até chegar ao final do túnel. Há luz no fim do túnel, a luz do Além.
Você passa para o Além e é recebida por Cerridwen. Ela pega você pela mão e a leva até seu caldeirão. Ele é gigantesco e preto.Cerridwen mexe o conteúdo do caldeirão e pede que você ponha ali tudo o que precisa ser transformado e abandonado, tudo que precisa morrer. Você põe tudo no caldeirão e mexe. Cerridwen agita o caldeirão.
Cerridwen pára de agitar o caldeirão, deixa de lado seu bastão e coloca as mãos dentro dele. Ela tira o que você jogou lá dentro, que coloca na sua frente. O que você jogou foi transformado no que é preciso. Você agradece a Cerridwen e ela lhe pede um presente, que você dá de boa vontade. Pronta para voltar, você entra no túnel levando consigo o que foi transformado dentro do caldeirão de Cerridwen.
Agora você está subindo, subindo, subindo, sentindo-se revigorada, energizada. Continue a subir até chegar à entrada do túnel. Você sai do túnel e respira profundamente. Ao expirar lentamente, você volta ao corpo. Respire fundo mais uma vez e, quando estiver pronta, abra os olhos. Seja bem-vinda!

Oráculo das Deusas - Amy Sophia Marashimskv

domingo, 13 de março de 2011

SENHORA DO INVERNO

 A deusa Cailleach
Meus ossos são frios, meu sangue é ralo.
Eu busco o que é meu. O busco o que ainda não foi semeado. Eu busco os animais para cavernas quentes e mando meus pássaros para o sul. Eu ponho meus ursos para dormir e mudo o pelo de meus gatos e cães para algo mais quente. Meus lobos me guiam, seu uivo anuncia minha chegada. Os cães, lobos e raposas cantam a canção da noite, a serenata da Anciã, a minha canção.
Eu disse sim à vida e agora digo sim à Morte. E serei a primeira a ir para o outro lado.
Eu trago o frio e a morte, sim, pois este é meu legado. Eu trouxe a colheita e se você não colheu suas maçãs eu as cobrirei de gelo. Após o Samhain, tudo o que fica nos campos me pertence
.

Cailleach é a própria terra. Ela é as rochas cobertas de musgo e o pico das montanhas. Ela é a terra coberta de gelo e neve. Ela é a mais antiga ancestral, velada pela passagem do tempo. Ela é a Deusa da Morte, que deixa morrer tudo o que não é mais necessário. Mas é tambem ela quem encontra as sementes da próxima estação. Ela é a guardiã da semente, a protetora da força vital essencial ao ressurgimento da vida após o inverno. Ela guarda a própria essência do poder da vida. Ela é o poder essencial da Terra. Nos mitos Celtas Ela representa a Soberania sobre a terra e um rei só podia reinar após realizar o casamento sagrado com Ela, que representa o Espírito da terra.

Cailleach é uma das maiores e mais antigas Deusas da humanidade. Ela é um aspecto da Deusa como a Anciã, principalmente na Escócia. Um derivativo de seu nome, Caledonia, foi dado àquele país. Seu nome, assim como seu título de Mãe Negra, é muito próximo ao nome Kalika, um dos títulos de Kali. Alguns estudiosos acreditam que ambas sejam derivadas de uma Deusa ainda mais antiga, talvez uma das primeiras expressões da face negra da Deusa já cultuadas pela humanidade. Ela foi e é conhecida por inúmeros nomes: Cailleach Bheur or Carlin, na Escócia; Cally Berry ou Cailleach Beara, na Irlanda; Cailleah ny Groamch, na ilha de Man; Black Annis, na Bretanha e Digne, no país de Gales, todas equivalentes a Kali.

Cailleach também é considerada uma outra forma das Deusas Scathach e Skadi. Na Irlanda ela era conhecida como uma divindade que podia trazer e curar doenças, principalmente de crianças. O nome Caillech significa mulher velha, bruxa ou mulher velada. Sua imagem velada a relaciona com os mistérios de se conhecer o futuro, particularmente a hora da morte de cada um. Nas lendas Medievais ela era a Rainha Negra do Paraíso, aquela a quem os espanhóis chamavam de Califia; a palavra Califórnia vem deste nome.

Cailleach rege o céu, a terra, o Sol e a Lua, o tempo e as estações. Ela criava as montanhas com as pedras que carregava em seu avental, mas também trazia aos homens as doenças, a velhice a morte. Ela era também um espírito protetor dos rios e lagos, garantindo que eles não secariam. Ela controla os meses de inverno, trazendo o frio, as chuvas e a neve. Mas um de seus principais títulos é Rainha da Tempestade, pois com seu cajado ela trazia e controlava as tempestades, particularmente as nevascas e furacões.

Cailleach é a guardiã do portal que leva à parte escura do ano, iniciada no Samhain e é invocada nos rituais de morte e transformação. Nos mitos da troca de poder entre as faces da Deusa ela recebe o bastão branco dos meses de luz e o torna negro para os meses de trevas, devolvendo-o à Donzela no Imbolc. Em alguns mitos diz-se que Ela retorna à terra no Imbolc, tornando-se pedra para acordar somente no próximo Samhain.

Como Seu nome não aparece nos mitos escritos da Irlanda, mas apenas em histórias antigas e nomes de lugar, presume-se que Ela era uma divindade pré-celta, trazida pelos povos colonizadores das ilhas Britânicas, vindos do leste Europeu, possivelmente da Índia. Ela era tão poderosa e amada que mesmo quando os recém chegados trouxeram suas divindades, como Brigit, Cailleach ainda continuou sendo lembrada.

Apesar de ser considerada uma Deusa Anciã, Ela é quase sempre representada com um rosto jovem, mostra de seu poder de se rejuvenescer constantemente. Ela possui um aspecto Donzela parecido com Diana, sendo a protetora dos animais selvagens contra caçadores. Ele protege principalmente o cervo e o lobo, assegurando bandos saudáveis. Há um mito antigo que conta que os caçadores oravam a Cailleach para saber onde encontrar os cervos e quantos matar. Ela os guiava para a aqueles que podiam ser mortos, desobedecê-la trazia sua fúria, em forma de ataques de alcatéias para a vila dos desobedientes.

Ela também possui um aspecto Mãe, sendo aquela a quem as mães pediam que curasse seus filhos das doenças do inverno. O Gato é um de seus animais sagrados. Em algumas lendas ela toma a forma de gato para testar o caráter das pessoas. Em sua forma humana, ela costumava ir de casa em casa no inverno pedindo abrigo e comida. Os que a acolhiam contavam com sua eterna bênção e proteção e os outros eram amaldiçoados e não atravessam o inverno incólumes. São também sagrados para ela o corvo e a gralha.

Seu rosto é azul e seus cabelos sempre são representados soltos e brancos, escapando de seu manto e capuz. Ela carrega um caldeirão em uma das mãos e um cajado na outra. Seu cajado ou bastão lhe conferia o poder sobre o tempo, fazendo dela uma das Deusas mais importantes para a manutenção da vida no planeta. Ela é também uma Deusa associada à crua honestidade e à verdade, doa a quem doer.

Ela também aparece como uma mulher velha que pede ao herói que durma com ela, se o herói concorda em dormir com ela, ela se transforma em uma linda donzela.

O Livro de Lecam (cerca de 1400 E.C.) alega que Cailleach Beara era a Deusa da qual se originaram os povos da região de Kerry. Na Escócia ela representa a personificação do inverno, nasce velha no Samhain e fica cada vez mais jovem até tornar-se uma linda Donzela no Beltane.

O contato com esta Deusa nos ajuda a redescobrir a soberania sobre nossa própria vida, um tipo especial de poder e confiança. Cailleach, violenta como pode parecer, vive em todos nós. Ela nos traz a sabedoria para deixar ir aquilo de que não mais precisamos e manter as sementes do que está para vir. Ela vive no limite entre a Vida e a Morte.

Naelyan Wyvern
Sacerdotisa do Coven Labirinto do Dragão

sexta-feira, 11 de março de 2011


 Visão sobre as deusas negras

Essa é a minha visão sobre deusas negras, comentes, concordem, discordem, critiquem, pois estamos apenas na busca pelo conhecimento.

Amar e dedicar-se a uma deusa negra, e contemplá-la em sua plenitude, vivencia-la em sua multiplicidade, nunca esquecendo que ela é singular.

As Deusas da Lua Negra, as deusas da escuridão, sempre são temidas, por personificarem nosso lado mais sombrio e oculto, e em muitas vezes é nesse lado que encontramos força para continuar lutando.
Regente de todos os segredos, de todos os oráculos ela tem o poder da transmutação, tanto para o positivo quanto para o negativo. O que torna seu trabalho mágico um pouco mais complexo.
São deusas nos trazem a verdade por mais dura e fria que esta seja, jamais perdoam pois acreditam no poder de seus filhos e de todos que as seguem.
Elas representam o que somos sem medo de nosso mais puro poder, quebrando quaisquer fronteiras, são a natureza ardente dentro de nós, regentes de nossas intenções.
Dentre as Deusas Negras são encontradas Deusas consideradas padroeiras de Bruxaria como Hécate, que ganha este posto, por ser aquela que controla todas as fronteiras e assim conhece os segredos do mundo dos vivo e dos mortos, com a vivencia e a naturalidade de quem caminha por entre eles diariamente.
Encontramos Deusas como Freya e Ísis o que pode até soar estranho a essa “classificação” mas, as coloco aqui considerando sua plenitude, afinal Freya possui seu lado oculto, encaminhando junto das Valquírias os guerreiros a seu destino após morte, sendo uma deusa de sedução, guerra e morte. Isís também cultuada como a Grande Mãe, Deusa dos 10 mil nomes, também possuía um papel dentre suas vertentes como deusa da morte.
Dentre tantas outras, dentre tantas culturas o que as fazem Deusas Negras é sua capacidade de andar, conhecer e controlar a energia do “entre mundos”, quebrando o estereotipo de que deusas negras são deusas da morte.
Elas apenas tem o poder de sussurrar aos nosso ouvidos nosso destino, pois são plenas em verdade e poder, nosso inconsciente mais febril em desejo, nossa intuição mais verdadeira e animal, nossos medos enrustidos de nós medos.
Personificação de nosso medo de testar a nós mesmos, de testar nosso mais puro e sombrio poder.

A Deusa Kali


Esta é a décima primeira matéria sobre deusas e deuses da Índia arquimilenar, em seus primórdios dourados, época em que celestiais, intramundos, criaturas (jivatmas), seres humanos e animais conviviam e interagiam num habitat da mais pura e radiante natureza.
Por Claudio Duarte
    Tudo o que ocorre no planeta é previsto em princípios gerais no Karma Yóga, com sua Lei do Karma, de ação e reação ou causa e efeito, e sua famosa pirâmide das três qualidades, trigunas; Tamas, a pesada, lenta, densa, carregada de ignorância; Rajas, a agitada, em movimento, altercada, carregada de pretensões e racionalismo; Satvas, a leve, suave, harmoniosa e profunda, carregada de espiritualidade pura.
Na era atual, possíveis 50% da sociedade são tamásica, 45% rajásica e 5% satívica, o que gera uma realidade muito sensível e delicada na e para a sociedade.
Porém, é totalmente viável uma mudança para melhor desta realidade mutante e mutável, desta "Roda do mundo" ou "Oceano de Samsara". Contudo, para isso é necessário que uma imensa parte da população atinja um verdadeiro estado de discernimento.

Para tanto, o conhecimento sutil mais elaborado e refinado deve ser acessível a todos, pois, a priori, essa é uma das principais formas de melhorar o ser humano e reequilibrar o próprio planeta, o que não está acontecendo nesta era.
Trata-se de uma missão coletiva premente, pois o futuro que se aproxima – em função dos graves crimes ambientais e ecológicos aqui perpetrados –, não traz uma visão animadora. Pelo contrário, de certa forma mostra-se até sombria.
Para mostrar algumas possibilidades reais de transformações benéficas e positivas, vou aqui tratar de uma das deusas mais queridas, não só no Oriente, mas em muitas outras partes do mundo, a deusa Kali, aquela que cuida do tempo e da existência de tudo e de todos.
O nome Kali é derivado do sânscrito kala, ou tempo. Assim, Kali tem o poder sobre o tempo em todos os sentidos, daí ser a Deusa do Tempo, em todos os aspectos e possibilidades.
Porém, quando o tempo é transcendido, tornando-se a noite eterna de paz e de felicidade sem limites, este também é um atributo dela, chamado Maha Ratri, e sob este ângulo ela é considerada a “realidade última”, representada pelo Kala Nala Yantra, que simboliza o “fogo ardente do juízo final”, no qual o espírito (atman) se incorpora e, depois, dilui-se na mais profunda fusão – Yóga – com a divina vibração, eterna e celestial.
Esta e muitas outras definições sobre a venerada deusa do tempo podem ser encontradas no Rig Veda, em seus hinos Ratri Sukta, Devi Sukta e Sri Sukta, e em outros clássicos do período védico que citarei, muito embora ela seja uma deusa dravidiana e pré-védica.
As citações são todas em homenagem à tão amada Kali Mãe, e como tributo às venerandas "antigas" que tudo me ensinaram, e a todas as mães e mulheres do mundo, que merecem nosso imenso amor, carinho e respeito.
Também é importante frisar o Dasha Maha Vidyas, um texto sobre os 10 aspectos da energia primordial, ou shakti. Cada um dos 10 é representado por uma deusa, sendo a primeira Kali, a deusa do tempo, com todo o seu poder gerador, mantenedor e transformador.
Por outro lado, de acordo com o Markandeya Purana, a deusa Kali, a azulada ou negra, é a sexta manifestação da deusa Durga, mas imediatamente se torna uma devi independente e gera todo um processo cósmico existencial único, no qual uma de suas missões principais é a dissolução do tempo, ou pralaya.
Isso sem contar sua função histórica e a participação decisiva e vitoriosa em terríveis guerras contra gigantescos seres malignos extra-estelares, portadores de imensos poderes supranormais, ou siddhis, que, ao final de Treta Yuga ou Idade da Prata, se haviam instalado neste planetóide e, daqui, comandavam batalhas nocivas contra outros sistemas ou planetas.
Nesse caso, em diversas ilustrações, imagens e estatuarias, Kali apresenta um aspecto feroz de guerreira, algumas vezes inclusive em pleno campo de batalha, cingida de sangue e portando a cabeça dos inimigos da paz e do bem.
Todavia, essa imagem representa também a luta interior do ser humano contra o ego, a vaidade, a ganância e a bestialidade, que atualmente se podem ver nas pessoas deste minúsculo enclave planetário.
A quantidade de pequenas e médias cidades no interior da Índia é incalculável, e nelas a devoção (bhakti) à deusa Kali é indescritível; seu culto é totalmente matriarcal, em todos os sentidos. As principais famílias são chamadas taravads, ou famílias das matriarcas e das anciãs, que detêm o conhecimento espiritual e das tradições, de geração a geração, por milênios. Nessas regiões, as matriarcas não só administram suas grandes famílias como as próprias aldeias, através do Conselho Tântrico, que ordena até os ritos religiosos da comunidade.
Por outro lado, aos homens destas famílias cabe manter as mesmas seguindo as orientações das matriarcas e das anciãs, sendo que os mais velhos da região ou de uma família são chamados karanavar.
O dia-a-dia de tais regiões é normal, de trabalho e estudo; mas ao cair da noite sempre ocorre a adoração à deusa Kali nos templos. Muitas vezes, a mesma é chamada de Kula Bhadra Kali, a Kali benevolente e protetora das famílias ou dos clãs, a mãe divina.
O ano todo, em tais templos, são matriarcas ou anciãs que oficiam as cerimônias. Ali e nos lares, as jovens praticantes do Hatha Yóga tradicional, chamadas hatha yoguínis, desenvolvem o controle do Ahurya Varada Mudra, ou mudra universal feminino, legado ao Hatha Yóga pela deusa.
Além dos milhões de seguidores normais, pessoas que levam uma vida de trabalho, estudo e família, há também outros tipos de devotos, com características muito especiais.
Entre estes podemos encontrar as vallichappads ou "portadoras da luz espiritual", que, através de práticas espirituais, todas dedicadas a Kali, se transformaram em santuários de serenidade, austeridade e espiritualidade. Ainda assim, elas mantêm forte ligação positiva com toda a sociedade e vivem no seio da mesma. São consideradas as bhaktis de Kali, pelo profundo e real amor que irradiam. Há que se esclarecer que também existem homens vallichappads.
Paralelamente, existem os odiyyas ou "clarividentes", seguidores de Kali que preferem viver reclusos nas florestas, imersos em suas práticas, na busca da iluminação concedida pela graça misericordiosa de Kali, a mãe divina.
São detentores de tremendos poderes paranormais, chamados siddhis, e nas poucas vezes em que aceitam ir às cidades é para atuarem junto com as matriarcas e anciãs na cura de crianças ou adultos que estejam enfermos, usando seus conhecimentos ióguicos sobre as energias vibracionais e suas funções quânticas. Há que se esclarecer que também existem mulheres odiyyas.
E há também as respeitadas kurukkals, mulheres que têm o conhecimento especial das cerimônias da deusa, que só elas podem realizar dentro dos templos, quando as procissões vão para as florestas à noite e voltam pelas manhãs. Elas ficam fechadas nos templos e agem sobre os substratos mais sutis ou energias de Kali (Shakti Ka), que são absorvidas em grandes escalas naqueles períodos, para que tais energias possam se redistribuir e beneficiar o maior número possível de criaturas e seres humanos.
Nessas ocasiões, elas usam dois longos mantras que são:
a) O Maha Preeta Nishkarshana Mantram, que serve para se obter as mais puras e benéficas energias cósmicas;
b) O Maha Preeta Samkamana Mantram, que serve para se transferir e redistribuir tão sagradas energias em benefício das criaturas, dos seres humanos e de todos os outros seres do planeta.
Há que se esclarecer, que não existem homens kurukkals.
A impressionante e maravilhosa celebração à deusa Kali Mãe acontece entre o final de outubro e o início de novembro. As cerimônias têm início nas residências das devotas e devotos e, naquela ocasião, recebem a marca da deusa em cor vermelha na entrada; são chamadas de Kali Bari, ou os “Lares de Kali”.
Há um período de jejum (ekadash) que varia de acordo com a região, e as comemorações começam sempre a partir da meia-noite, indo até ao meio-dia.
A noite principal é chamada de Karttika Amavasya, ou a noite mais escura do ano, quando imagens da deusa em cerâmica, barro ou argila são veneradas. No dia seguinte, são imersas nos rios ou lagos locais pelas famílias, em meio a grandes procissões e cânticos de mantras e hinos (Karpuradi Stotrams) devotados a Kali.
Tal evento tem inúmeras finalidades e objetivos, sendo um deles que a deusa destrua o carma negativo dos devotos (Samskaras) para que eles possam transcender os limites mundanos e obter a luz da consciência pura.
Apenas em um único dia do mês de abril as matriarcas escolhem um Karanavar para oficiar, em função de um agrupamento de estrelas chamadas Bharani.
Nessa noite, o aspecto adorado é Raktha Kali ou Kattu Kali, a Kali das Florestas. Considera-se que essa manifestação da deusa surge apenas nessa noite em cada ano, para destruir as energias maléficas que afligem os seres humanos.
Os oficiantes saem dos templos acompanhados por imensos séquitos em direção às florestas, portando lamparinas, tocando instrumentos, dançando e cantando – o Shyama Sangita – todos vestidos de vermelho, raros de branco. Durante essa “noite de Kali” especial, permanecem em transe até o romper da aurora (muhoortham). Os peregrinos ou yatris que se engajam nas atividades são chamados de "queridas filhas e filhos de Kali" ou villambadis, e eles acreditam que a própria deusa se manifesta naquela ocasião para transmutar e eliminar as vibrações e energias maléficas.
Existe inclusive um texto específico sobre a construção dos templos da Devi, chamado Mana Sara Shilpa Shastra, que detalha como e onde devem ser construídos para propiciar e facilitar as adorações e as cerimônias à deusa. A "noite de Kali" é chamada também de "noite do caos", ou a noite simbólica do fim de um ciclo de espaço-tempo (prapacham).
Ao surgir do dia, todos voltam para os templos onde grandiosas festas têm início, para comemorar o surgimento de uma nova vida, mais radiante e mais feliz. Como os seguidores da Devi são todos vegetarianos, nas festas os alimentos seguem sobriamente esse princípio.
Ao redor dos templos e das casas, são desenhados yantras – figuras geométricas especiais – que visam manter e fortalecer as vibrações das energias benfazejas propiciadas pela deusa.
Entretanto, é importante esclarecer que, com o advento da bestialização globalizante que corrói e destrói países e seres humanos, aos poucos tais manifestações vão se perdendo.
Como Kali Desaparece
Após cumprida sua missão cósmica, a devi volta ao seu princípio sem princípio, onde permanece imanifesta até que, após um longo e imemorial período, chamado Kalpa Yuga, sua presença arquetípica novamente seja necessária para desfazer o caos e restaurar a ordem cósmica, ou dharma.

Alguns dos Atributos da Deusa
Nos inúmeros templos dedicados a Kali, nos santuários ou locais especiais em florestas, nos campos e bosques, nas montanhas, ela é mostrada conforme descrita em textos clássicos, como uma deusa azulada ou negra, com quatro braços, sempre em uma postura desafiante, segura e radiante.
Em geral, ela aparece nua, com um corpo lindíssimo, seios fartos, símbolo da criação, da prosperidade e da mãe que alimenta e protege; quadris largos, símbolo da fertilidade, e pernas fortes e bem torneadas, símbolo da força feminina.
Seus cabelos são negros, imensos e soltos até abaixo dos quadris, símbolo da liberdade e da autonomia feminina, muktakeshi.
Sua face é avermelhada e, na maioria das ilustrações, sua língua está fora da boca, símbolo do desprezo pela vulgaridade e pelo comportamento mundano, bestial ou tamásico.
Seus dentes brancos simbolizam a pureza e a paz espiritual, ou sattva.
Ela tem três olhos, símbolo da mais profunda perfeição espiritual feminina. No pescoço, carrega um longo colar contendo 50 crânios humanos, representando as 50 letras do alfabeto sânscrito, chamadas shabda, ou o som em seu estado vibracional manifesto e do qual procede toda a criação, e símbolo do conhecimento e da sabedoria. Pode igualmente significar a destruição ambiental que o ser humano está causando no planeta.
Na mão esquerda superior, porta uma cimitarra, símbolo da justiça divina. Na mão esquerda inferior, porta a cabeça do maligno Rakta Beej, símbolo da vitória do bem sobre o mal. Na mão direita superior, mostra o Abhaya Mudra, símbolo da coragem e da segurança interior. Na mão direita inferior, mostra o Varada Mudra, símbolo da bondade, da benevolência e da concessão. Contudo, as muitas mãos simbolizam também a capacidade de realização de muitas mulheres juntas e unidas, se compreenderem tal força.

Embora nua, na cintura apresenta um avental de braços e mãos humanas, símbolo da força e da capacidade de criar e produzir. Sob este aspecto simbológico da nudez, a deusa Kali é chamada Digambara, “vestida do céu ou do espaço sideral”. Em outras palavras, significa que, quando a visão mundana é superada, obtém-se a visão divina ou da realidade sem limites e sem condicionamentos, sem medos ou inseguranças inúteis. Tudo se torna pleno, radiante e bem-aventurado. E esta é a meta e o objetivo final de todas as devotas e devotos de Digambara. Assim, Kali é a divina sabedoria que põe fim a toda ilusão, maya.
Sob seus pés pode ou não apresentar-se um ser vencido na guerra, símbolo da capacidade feminina de vencer o ego (ahamkara), a ambição, a ganância e a maldade, obtendo o equilíbrio interior e a paz espiritual, e assim resgatar a própria divindade feminina.
Kali pode também aparecer com dez cabeças ou dez braços, ou com o chamado cabelo flamejante (jvala kesha) em outras manifestações ou simbologias.

Outros nomes e epítetos de Kali
Maha Kali, a grade deusa do cosmos ou grande manifestadora do tempo.
Kumari, a deusa virgem.
Matrika Kali, a grande mãe divina.
Kali Ma, a mãe querida.
Kula Bhadra Kali, a benevolente, a auspiciosa.
Martanda Kali, a que ilumina, dá vida e luz a tudo e a todos, a Matrix.
Chinna Masta, a sabedoria eterna.
Sheetla, a deusa da varíola, que protege contra todas as doenças infantis.
Ugra Chandi, a terrível, que protege os devotos.
Ghora Kali, a selvagem, feroz e aterradora.
Sham Sham Kali, a que protege locais de cremação.
Chamunda, a que decapitou os seres malignos Chanda e Munda.

Alguns mantras de Kali
Kalii Jaga Dambae Namastae – “Ó Mãe Kali que sustenta o mundo, Namaste”.
Kali, Kali, Mahakali, Bhadra Kali, Namostutae – “Ó Kali, ó grande Mãe kali, ó benevolente protetora, eu saúdo teu amoroso nome”.
Bhadra Kali Namos Tu Te – “Ó auspiciosa e protetora, nos somos seus devotos”.
Kulam cha kula Dharam cha – “Toda esta família e o dharma da mesma”.
Mam cha palaya palaya – “Por clemência, proteja-nos, proteja-nos sempre”.
Bhadra Kali namas tu bhiyam – “Ó auspiciosa Kali, nossas respeitosas reverências”.
Bhadrae kama roopini – “Ó belíssima, de formas admiráveis”.
Rudra Neetragni sam bhoote – “Deusa que brota das chamas dos olhos de Rudra”.
Bhadra mam tu prayas cha mae – “Ó benevolente, conceda suas graças sobre nós”.

Textos clássicos sobre Kali
– No Rig Veda, em seu hino Grihya Sutra, encontramos descrições e cânticos de louvor a Bhadra Kali.
– No Aitareya Brahmana há menções à nudez da deusa Vac, relacionadas a Kali.
– No Mundaka Upanishad há descrições de Kali e Karali, duas das sete mães divinas ou Sapta Matrikas.
– O Maha Kala Samhita descreve os nove antigos nomes de Kali, que são: Dakshina, Smashana, Bhadra, Guhya, Kala, Kama Kala, Dhana, Siddhi e Chandika.
– O Kali Ka Purana trata de certos ritos e rituais considerados secretos (bhuta damara) com oito diferentes métodos, só para as ioguinis praticantes do Hatha Yóga.
– O Linga Purana descreve a manifestação de Kali por meio de Durga, mas totalmente distinta e independente dela.
– O Markandeya Purana descreve como ela surgiu, mas de duas formas diferentes e como parte das lutas de Kali contra seres das trevas, ajudada pela deusa Chandi.
– O Skanda Purana relata suas vitórias em guerras contra seres estelares de imensos poderes malignos, como Rakta Vija que, quando qualquer gota de sangue dele caía no solo, imediatamente surgiam dela mil replicantes idênticos a ele.
– O Kala Ratri, contendo o Kala Ratri Mantra.
– O Bhagavata Purana relata Kali Ma como patrona de diversas ordens e sempre refulgente, jovem e virtuosa, e ressurgindo quando preciso a cada grande ciclo (Maha Kalpa) de novos cosmos com seus múltiplos universos.
– O Agni Purana e o Garuda Purana descrevem as invocações a Kali para ajudar a obter sucesso e vitórias nas guerras contra os desafetos.
– O Devi Mahatmya, famoso por descrever amplamente os périplos vitoriosos da deusa aqui neste planeta, com detalhes e descrições pormenorizadas incríveis, fornecendo inclusive datas, durações, antigos nomes de locais, cronologias e genealogias.
– O Ramayana e o Maha Bharata, que contêm diversos episódios sobre Kali.
– O Yoguíni Tantra, o Kamakhya Tantra e o Niruttara Tantra, que proclamam Kali como a origem absoluta de tudo, ou Maha Vidya ou Maha Devi.
 


A Lua Negra da Transmutação

Livro: O Anuário da Grande Mãe
Autora: Mirella Faur

A fase lunar denominada Lua Negra acontece mensalmente, nos três dias que antecedem a Lua Nova. Durante esse período, o fino disco da Lua Minguante diminui até desaparecer na escuridão da noite. Tendo em vista que a luz da Lua é, na verdade, a luz solar refletida pelo disco lunar, poderíamos dizer que a Lua Negra "mostra" a verdadeira face oculta da Lua.

Durante essa fase de escuridão mensal, os povos antigos reverenciavam as Deusas Escuras, dedicando esse tempo a rituais divinatórios, de cura e transmutação. Com o advento das sociedades patriarcais, os mistérios da Lua Negra tornaram-se sinônimos de terror e malefícios. Incapacitados de ver ou compreender o "desaparecimento" da Lua, surgiram lendas e superstições sobre os demônios e forças malignas que "comiam" a Lua. Dessa maneira, a Lua Negra passou a representar o auge dos poderes destrutivos, vaticinando cataclismas naturais, como inundações, tempestades ou secas, ou cataclismas humanos, como guerras, doenças e fome. A Lua Negra era tida como aziaga para qualquer empreendimento, por ser considerada a Lua do momento em que os fantasmas e os espíritos malévolos perambulam sobre a Terra e as Bruxas executam seus rituais de magia negra. Atribuía-se à Lua Negra a conexão com o mundo subterrâneo por ser regida por divindades em forma de serpente ou com serpentes nos ca
Na verdade, a Lua Negra facilita o acesso aos mundos e planos sutis e às profundezas de nossa psique. Por isso, atualmente é considerada uma fase favorável para trabalhos de tranformação e renovação. Somente mergulhando no nosso lado escuro, desvendando os mistérios e sombras de nosso inconsciente, poderemos achar os meios secretos para a nossa renovação. A Lua Negra tem o poder de criar e de destruir, de curar e de regenerar, e de descobrir e fluir com o ritmo das mudanças e dos ciclos naturais, dependendo da capacidade individual em reconhecer e integrar a sua sombra.

Ao entrar na fase da Lua Negra, podemos presenciar a transição entre a destruição do velho e a criação do novo. É, portanto, um período favorável para rituais de cura, renovação e regeneração. O processo de transformação destrói os padrões ultrapassados de condicionamento, comportamento e estruturação [no Tantrismo, as pessoas passam por um período de quebra de tabus. Os caras comem churrasco de vaca sagrada, cereais fritos, peixe, enchem a cara e vão pra cama com dálits. Isso, pra quebrar os condicionamentos da sociedade indiana.
Os objetivos dos rituais são variados e de acordo com as necessidades de cada um. Podemos citar a remoção de uma maldição, a correção de uma disfunção, o afastamento dos obstáculos ou das dificuldades na realização afetiva ou profissional, a limpeza de resíduos energéticos negativos de pessoas, objetos, ambientes, a preparação e imantação do espelho negro [um vidro de relógio, côncavo, do tamanho de um prato de sopa, pintado de preto na parte do avesso. Funciona melhor que tevê. Instruções para clarividência estão no tópico Além do Básico, na comunidade Tenho Orgulho de Ser Pagão], entrando em contato com os ancestrais ou com as Deusas Escuras como Hécate, Medusa, Kali, Ereshkigal [uma das minhas memórias de vida passada é bater um papo com Ereshkigal no alto de um zigurate. Naquele tempo, meu serviço era curar a aura das pessoas. Hoje, embora eu ainda cure, meu modo de servir é passar conhecimento.] Hel, Sekhmet, Sheelah Na Gig, Oyá e Cailleach. As palavras-chave para esses rituais são complementação, finalização, dissolução, introspecção, tradição, sabedoria, morte e transmutação.

Os elementos ritualísticos são as velas pretas para afastar a negatividade, as brancas para os novos inícios, e as vermelhas para a realização, correspondendo às três cores da Deusa e aos três estágios da condição feminina: jovem, idosa e adulta. Por ser a Anciã a Deusa regente dessa Lua, são oferecidos no altar, em vez de flores, um xale preto, galhos e folhagens secas, penas pretas, pêlo de cachorro preto ou de lobo, teia ou imagem de uma aranha, além de representações do poder transmutado da serpente.
Os objetos mais importantes para o ritual da Lua Negra são o caldeirão_ para queimar e transmutar as energias negativas_ e o espelho negro ou bola de cristal, além de Tarot e Runas para orientação e auto-conhecimento.

A meditação ao som de um tambor ajuda a mergulhar no ventre escuro da Mãe Terra, trazendo mensagens e sugestões para a cura, a regeneração e a transformação.

quarta-feira, 9 de março de 2011

A lua negra e sua comemoração

A lua negra e sua comemoração

Normalmente todos os livros e sites sobre a Wicca falam bastante a respeito das celebrações dos esbás, fazendo desde simples citações até descrições completas das possíveis formas de se celebrar o plenilúnio. Mas a grande maioria deles nem sequer menciona a celebração da Lua Negra como parte da rotina de um wiccano.
O que é a Lua Negra? Do ponto de vista astronômico, a Lua Negra é o período que compreende os três dias anteriores à Lua Nova, em que a Lua está praticamente em conjunção com o Sol. Nesse caso, ela não é visível à noite, mas apenas durante o dia.
Para realizar suas celebrações, considere a penúltima noite antes da Lua Nova como a noite da Lua Negra.
Nessa noite celebramos a Deusa em sua face sombria. Não como a criadora ou mãe, mas como a ceifeira, a que corta o fio da vida.
Celebramos Kali com o seu colar de crânios e a cabeça decepada que sempre carrega. Essa cabeça representa o egocentrismo de cada um de nós, que temos a audácia de acreditar que nossa realidade individual é tudo o que existe.
Ao matar essa parte de nós, Kali nos abre para a realidade maior do Universo e do mundo espiritual. A sua dança de morte é a sua alegria pela morte de nossa ignorância, da nossa mente estreita e do nosso egocentrismo.
Celebramos Nekhebet, a Anciã Escocesa, a Mãe Abrutre Egípcia, que vem nos avisar que nosso tempo neste plano é limitado e nosso corpo um dia será Seu alimento.
No Leste, ela é a Mãe Protetora que, como fêmea do abutre, protege e defende com ferocidade seus filhotes.
No Oeste, ela é a Mãe Devoradora, que devora nossa matéria após a morte.
Celebramos Cailleach, a Anciã Escocesa, chamada A Velada, conhecedora dos mistérios do futuro, professora terrível que nos mostra o fluxo inexorável dos ciclos da vida.
Celebramos Cerridwen, a poderosa Senhora Celta da Sabedoria, a porca branca e comedora de cadáveres, cujo caldeirão contém a passagem para os mistérios do Universo.
Celebramos Hell, Rainha Nórdica dos Mortos, e acima de tudo, celebramos Hécate, a Deusa protetora de todas as bruxas, Senhora dos caminhos e das máscaras, do destino que criamos para nós e das prisões nas quais nos enclausuramos.
A mais antiga forma grega da Deusa Tríplice, Hécate, governa o Céu, a Terra e o Mundo dos Mortos.
Ela representa aquilo pelo qual devemos passar, por mais doloroso que seja, e nos ensina que não há razão para nos desesperarmos.
Ela é a Senhora do Ciclo do Universo e sabe que toda dor é sempre seguida por um renascimento de alegria e poder.
E, então, quando a Lua não brilha no céu e a escuridão é o nosso legado, devemos deitar oferendas a Ela, que também olha por nós em nossos momentos de trevas.
As oferendas tradicionais são o ovo, a maçã, o azeite e os bolos. Mas a fragrância de um incenso especialmente escolhido e a chama de uma vela negra também são oferendas aceitáveis.
A Lua escura que não brilha no céu nos lembra que nós também temos uma parte sombria. E, por isso, também celebramos nossa sombra, a porção terrível e destruidora que temos dentro de nós.
Aproveitando a proteção aveludada da noite escura, podemos nos encontar com nossa sombra, não para duelar com ela, mas para convidá-la para uma dança sagrada de interação e plenitude.
Dance então com sua sombra num abraço de êxtase que vai unir as duas metades de seu ser e tornar você completo.
Desse modo, você lembra à terra sob seus pés e aos céus noturnos sobre sua cabeça que você, assim como a Deusa, é feito de Luz e Sombra.

Fonte Naelyan Wyvern, Sacerdotisa do Coven Labirinto do Dragão

sexta-feira, 4 de março de 2011

A encarga da deusa e do Deus de chifres



Também chamado de “O chamado da deusa”, “Os encargos da Deusa”, “O papel da Deusa” e “Exortação da Deusa”, foi escrito originalmente por Gerald Gardner em 1949, inspirado nos textos de Charles G. Leland em seu livro “Aradia”. Anos mais tarde, Doreen Valiente, iniciada por Gardner, reescreveu a versão que ficou mundialmente famosa.
Você encontrará em livros e sites diversas variações do texto abaixo:

A encarga da Deusa
Ouçam as palavras da Grande Mãe, que, em tempos idos, era chamada de Ártemis, Astartéia, Dione, Melusiana, Afrodite, Ceridwen, Diana, Arionrhod, Brígida e por muitos outros nomes:
Quando necessitar de alguma coisa, uma vez no mês, e é melhor que seja quando a lua estiver cheia, deverá reunir-se em algum local secreto e adorar o meu espírito que é a rainha de todos os sábios. Você estará livre da escravidão e, como um sinal de sua liberdade, apresentar-se-á nu em seus ritos. Cante, festeje, dance, faça música e amor, todos em minha presença, pois meu é o êxtase do espírito e minha também é a alegria sobre a terra. Pois minha lei é a do amor para todos os seres. Meu é o segredo que abre a porta da juventude e minha é a taça do vinho da vida, que é o caldeirão de Ceridwen. que é o gral sagrado da imortalidade. Eu concedo a sabedoria do espírito eterno e, além da morte, dou a paz e a liberdade e o reencontro com aqueles que se foram antes. Nem tampouco exijo algum tipo de sacrifício, pois saiba, eu sou a mãe de todas as coisa e meu amor é derramado sobre a terra.
Atente para as palavras da Deusa estelar, o pó de cujos pés abrigam-se o sol, a lua, as estrelas, os anjos, e cujo corpo envolve o universo:
Eu que sou a beleza da terra verde e da lua branca entre as estrela e os mistérios da água, invoco seu espírito para que desperte e venha até a mim. Pois eu sou o espírito da natureza que dá vida ao universo. De mim todas as coisa vêm e pra mim todas devem retornar. Que a adoração a mim esteja no coração que rejubila, pois, saiba, todos os atos de amor e prazer são meus rituais. Que haja beleza e força, poder e compaixão, honra e humildade, júbilo e reverência, dentro de você. E você que busca conhecer-me, saiba que sua procura e ânsia serão em vão, a menos que você conheça os mistérios: pois se aquilo que busca não se encontrar dentro de você, nunca o achará fora de si. Saiba, pois, eu estou com você desde o início dos tempos, e eu sou aquela que é alcançada ao fim do desejo.

 A encargo do Deus
Ouça as palavras do Velho Cornífero que é sempre jovem…
Eu sou aquele que abre as portas da vida e da morte, os portais da aurora e os portais da noite.
Eu sou Kernunnos e Silvanus e Pan e a música da minha flauta está no ar, nas verdes florestas e nas colinas de verão.
Minha voz está no vento da meia-noite e embaixo das estrelas ela pronuncia as palavras de magia em línguas ancestrais, esquecidas ou desconhecidas.
Eu inspiro o pânico, o medo e o desejo passional. E apesar de eu mostrar a face de um crânio, não haveria a manifestação da vida sem mim, pois sem morte não pode haver renascimento.
A vida deve sempre subir em espirais, não pode parar. Nós não podemos conhecer a luz sem as sombras, nem as sombras sem a vida.
Portanto, não me tema, sob nenhum aspecto que você me veja: a força e poder da masculinidade ou aquele que traz paz na morte.
Eu sou Lúcifer, o que traz a luz, e Amoun, o Escondido, que usava os chifres espirais do carneiro na antiga Khem. Eu sou o Deus de pés de bode dos bosques iluminados pelo som da Tessália, a presença que era sentida na escuridão das cavernas sagradas e na pedra fixa sobre a urze.
Eu sou o poder arrebatador da Vida e aquele que traz a luz: mas sem Amor eu não posso criar nada que perdure. Então eu preciso da Deusa, assim como ela precisa de mim, e no Grande Casamento Sagrado, o Êxtase Cósmico, nós somos um.
Então, cultue a minha selvageria, conheça-me e regozije-se comigo, irmãos e irmãs da Arte Mágica, bruxas e bruxos, pagãos e bárbaros. Pois eu trago o poder e a liberação, liberdade de espírito que é verdadeira e eterna, que ninguém pode negar a você eternamente.
  
A encango do deus de chifres
Sou o fogo dentro do seu coração…
O desejo de sua Alma.
Sou o Caçador do Conhecimento e o Investigador da Indagação Sagrada
Eu, que estou na escuridão da luz, .
Sou Ela que você chama de Morte.
Eu, o Consorte e Companheiro Dela que nós adoramos,
Chamo-te diante de mim.
Atenda ao meu chamado amado,
Venha até mim e aprenda os segredos da morte e da paz.
Sou o milho na colheita e a fruta nas árvores.
Sou Ele que o conduz à casa.
Açoite e chama,
Lâmina e Sangue
São meus e presenteio-te.
Chame por mim na floresta selvagem e nos topos das montanhas e busque-me na Escuridão Luminosa.
Eu, que tenho sido chamado de
Pan,
Herne,
Osíris
e Hades,
Falo para ti e procuro por ti
Venha, dance e cante;
Venha vivo e sorria para observar.
Esta é minha adoração.
Vocês são minhas crianças e eu sou seu Pai.
Em asas de noite rápidas sou eu que os ponho no colo da Mãe.
Para renascere retornar novamente.
Você, que pensa me busca1; saiba que sou o vento indomado, a fúria
da tempestade e a paixão em sua Alma.
Busque-me com orgulho e humildade, mas busque-me melhor com
carinho e força, pois este é o meu caminho e não amo o fraco e o temeroso.
Ouça meu chamado em longas noites de inverno
E juntos guardaremos a Terra Dela enquanto Ela dorme.
A deusa Sirona

A deusa Sirona é para nós, da Escola Gergóvia e da Ordem Drunemeton, como uma deusa-fada gaulesa, uma deusa das estrelas, pois foi assim que ela se manifestou para nós em um Equinócio de Outono, há muitos anos. Temos um enorme carinho por essa deusa, e conforme eu havia prometido, aí vão algumas informações sobre ela, pesquisadas no Dictionary of Celtic Mythology, de James macKillop, e Dictionary of Celtic Myth and Mythology, da Miranda Green, além de imagens e links de museus na internet. 

Beijos e bênçãos da Deusa das serpentes e das estrelas.

Bandruir

Sirona
Deusa gaulesa cujo nome significa “estrela divinaâ€�; deusa das  fontes curativas. Há registros de culto a Sirona na área que vai da (atual) Hungria até a Bretanha. Ela foi retratada tanto sozinha quanto em companhia do deus Apollo Granus. Por isso, acredita-se que ela era originalmente uma deusa da cultura celta pré-romana, mas cujo culto sobreviveu na fusão de cultos gauleses e romanos. Os Treveri, ou tréveros, povo celta que habitava as margens do rio Moselle (atualmente França, Bélgica e Alemanha), eram particularmente devotados a essa deusa.  Um dos mais ricos santuários dedicados a ela foi encontrado em território trévero (Hochscheid, entre Mainz e Trier, na Alemanha). Ali foram encontrados muitos artefatos de seu culto.
 
Sirona é normalmente representada com ricas  vestimentas de tecidos fluidos, com serpentes entrelaçadas em seus braços, e símbolos de prosperidade e fertilidade como grãos, uvas e um pequeno cão. No sincretismo galo-romano, ela é freqüentemente associada a Apollo (como Apollo Granus, deus gaulês) e a Esculápio (deus grego da medicina), o que reforça seu caráter como deusa da prosperidade, da saúde e da cura.
 
 
 
Alguns links:
 
No Museu de Trier há uma imagem de Sirona, ao lado de seu consorte Apollo:
 
Imagens de estátua e santuário de Sirona em Idarwald:http://www.idarkopf .de/gemeinde/ sehenswuerdigkei ten/sirona- quelle.html













 
- Entre os celtas: Sirona a Deusa-rio gaulesa, é representada com serpentes enroladas nos braços. Cernunnos segura uma serpente com cabeça de carneiro em uma das mãos.(Os próprios Druidas, os sacerdotes celtas, eram identificados com serpentes).

- entre os egípcios, Ua Zit ou Wadjit; Renenutet.

- entre os gregos, Apolo;

- entre os hindus, Shiva usa um colar ao redor do pescoço com uma serpente (em muitas representações, ele se parece muito com Cernunnos). 
para os gregos sobre deuses ligados a serpente  são: Apolo matou a Píton de Gaia, no templo de Delfos e por isso conquistou o direito sobre o templo e suas previsões.



, Apolo matou Píton que para alguns era uma cobra e para outros um dragão fêmea. Seja como for, o "monstro" representa sim o lado ctôneo e feminino da terra. Porém, é importante perceber que a dominação de Apolo sobre essa característica essencialmente feminina e descontrolada, já que essa fera asombrava os habitantes da região, representa um controle, uma tomada de ordem. Apolo põe fim à guardiã dos segredos da terra e obtém como domínio o oráculo. Mas Apolo não é o oráculo. Apolo é o poder de interpretar o oráculo.

Veja-se que apenas sacerdotizas eram encarregadas de receber o êxtase da terra. Elas desciam a uma espécie de buraco na terra para obter esse contato com as forças telúricas e, após mascar louro, profetizavam como "loucas palavras sem sentido". Cabia aos sacerdotes homens tomar nota das palavras proferidas e estruturar uma resposta ao consulente.

Fica muito claro o lado ctôneo e feminino do ritual, onde a sacerdotiza recebe as forças da terra, que são depois organizadas e direcionadas pelo lado solar e masculino.

O que quero dizer com isso é que Apolo não tem nada de ctôneo. A única relação com a dita serpente é controlá-la. A serpente em seu simbolismo não é característica de Apolo, mas sim o seu oposto. Então, ao meu ver, essa é a ligação, mas não torna Apolo ctôneo e muito menos aparentado dos símbolos da serpente. 

A Serpente é a intuição, o inconsciente, o poder da profecia; Apolo é a razão, o poder da interpretação. Juntos, masculino e feminino, intuição e racionalidade, sacerdócio e divindade são ]complementares - e não opostos e excludentes.

Quando um mago, um bruxo, um shaman descobre isso, descobre seu maior poder: a da totalidade. 
Atena. Ela até tinha um filho serpente, Erictônio.
A serepente Significa regeneração, conhecer os segredos do mundo dos mortos, kundalini.